Os excertos apresentados foram retirados da edição traduzida para Português do Brasil: A Criança pré-Escolar: Como pensa e como a escola pode ensiná-la, Porto Alegre: Artes Médicas, 1994


Categorização feita pelo autor, dos diferentes tipos de aprendizes (pg. 12-13):

1. aprendiz intuitivo (natural, ingénuo, universal)

2. estudante tradicional

3. especialista disciplinar


  1. A lacuna entre o aprendiz intuitivo e o estudante tradicional. Estudantes que têm compreensões intuitivas perfeitamente adequadas frequentemente exibem grande dificuldade em dominar as lições da escola. São estes estudantes que exibem “problemas de aprendizagem” ou “desordens de aprendizagem”, e são as suas dificuldades que têm alimentado muitas das acusações a nosso sistema educacional. Ainda, mesmo aqueles que provam ser bem sucedidos na escola, tipicamente, falham em considerar as lacunas entre suas compreensões intuitivas e aquelas que incorporam as concepções e significações das escolas.
  2. A lacuna entre o estudante tradicional e o especialista disciplinar. Esta lacuna foi dramaticamente revelada por recentes pesquisas de orientação cognitiva. Mesmo estudantes respeitados não são bem sucedidos em transferir seus conhecimentos para novas situações, e, pior, eles não consideram que tenham regressado às compreensões ingénuas da primeira infância. Assim, o estudante tradicional surge, pelo menos, tão distante do especialista disciplinar quanto o aprendiz intuitivo mais novo.
  3. A lacuna entre o aprendiz intuitivo e o especialista disciplinar. Estes dois personagens compartilham  benigna propriedade de que eles podem usar suas habilidades e conhecimentos de modo fluente: sua compreensão corrente parece ser menos pensada e mais facilmente atingida que aquela exibida por estudantes que tentam recorrer ao árduo conhecimento obtido na escola. Ainda, é crucial que considere que as duas compreensões são de ordens fundamentalmente diferentes. No caso intuitivo, encontra-se o conhecimento natural, mas ingénuo, que evoluiu ao longo dos séculos para produzir uma apreensão inicial razoavelmente útil do mundo. No caso do especialista disciplinar, encontram-se compreensões que surgem na parcela de artesãos e académicos que trabalharam de um modo auto-consciente e cumulativo em suas respectivas disciplinas. estes indivíduos buscaram estabelecer conceitos e práticas que fornecem o melhor julgamento possível do mundo no qual vivemos, mesmo quando tal julgamento esbarra na face de instituições há muito existentes, da sabedoria recebida, ou na tolice involuntária, mas bem arraigada. Ao invés de aceitar a Terra como plana, eles – no espírito de Cristóvão Colombo – juntaram evidências de que ela tem forma esférica.” 


As sete inteligências

“Tenho afirmado que todos os seres humanos são capazes de, pelo menos, sete diferentes modos de conhecer o mundo – modos que, em outros lugares eu defini como as sete inteligências humanas. De acordo com esta análise, todos nós estamos aptos a conhecer o mundo através da linguagem, da análise lógico-matemática, da representação espacial, do pensamento musical, do uso do corpo para resolver problemas ou fazer coisas, de uma compreensão de outros indivíduos, e de uma compreensão de nós mesmos. Onde os indivíduos diferem é no “vigor” destas inteligências e na forma com que tais inteligências são invocadas e combinadas para desempenhar diferentes tarefas, resolver problemas variados e progredir em várias áreas.”

(…)

“Enquanto o reconhecimento das diferentes formas de representação e aquisição de conhecimento complica assuntos, de certo modo, também é um sinal de esperança. Não apenas as chances de adquirir conhecimento são reforçadas se múltiplos pontos de entrada são reconhecidos e utilizados, mas, em adição, a forma com que nós concebemos a compreensão é ampliada. É mais provável que a compreensão genuína emerja e seja aparente para os outros se as pessoas possuírem uma série de modos de representar o conhecimento de um conceito ou habilidade e possam mover-se para frente e para trás, facilmente, entre estas formas de saber. De ninguém pode ser esperado que possua disponíveis todos os modos, mas qualquer um devia ter, pelo menos, alguns modos de representar um conceito ou uma habilidade relevante. (pg.14-15)


NOTA 1: E para quem quiser saber mais sobre o assunto, será importante ler também as críticas a esta mesma “teoria”

 

NOTA 2: Ver este vídeo, onde H. Gardner fala na primeira pessoa da sua teoria.

(to be continued…)

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