E tudo começa no berço
Um guia para a educação e respeito social

 

O papel e poder de cada um na NOSSA sociedade
“Mas, ao mesmo tempo, quando avalio a minha intervenção como terapeuta e docente, verifico que algo está muito mal com a nossa sociedade! Digo “nossa”, porque não consigo dissociar a sociedade daquilo que cada um de nós é e contribui direta ou indiretamente para quilo a que a maioria das pessoas chama de “sociedade”, como se estivesse a falar de uma dimensão completamente estranha, independente, e para a qual nenhum de nós tivesse contribuído.
(…)
Indigno-me muitas vezes quando ouço expressões tão conhecidas como: “A culpa é da sociedade”, “De que adianta apenas uma pessoa querer mudar uma sociedade inteira?”, “Eu? Que posso eu fazer? A culpa é da sociedade! Já disse, sozinho não consigo fazer nada!
Confesso, quando, no inicio do meu desenvolvimento académico e científico, me deparava com este tipo de convicções, ficava algo incrédulo com o que ouvia e via, mas não tinha os recursos emocionais e psicológicos que, hoje, julgo ter. Ficava a observar, não concordando, a passiva movimentação das massas.
Mais tarde percebi que se o que eu defendo é que cada um de nós constitui, ainda que alguns de forma ínfima, outros de uma forma mais marcante, aquilo a que chamamos sociedade, então, vou começar a travar a minha própria batalha pessoal de libertação desta ideia de que somos escravos de uma sociedade autónoma.
(…)
Proponho que nos libertemos da ideia que somos escravos de uma sociedade gigantesca e com uma vontade destrutiva e aglutinadora da qual não nos podemos emancipar, e que percebamos que com a força de cada um de nós, se estivermos preparados para educar e mudar a própria sociedade, certamente deixaremos a nossa marca e mudaremos o rumo catastrofista que estamos a tomar.
(…)
Se, desde o berço, educarmos os nossos filhos para a cidadania, para o altruísmo, para a nobreza e humildade, poderão passar gerações, estou convencido, mas teremos, com certeza,um mundo melhor, que esperará pelos nossos netos no futuro.
(…)
O que me fez encetar mais este desafio, como já abordado, foi a constatação de que algo nao está bem na nossa sociedade. Pode dizer-se que, ao longo da evolução da história moderna, há sempre algo que não está bem; muito bem, eu respeito. Mas o que quero aqui trazer é algo diferente: neste momento em que vivemos, não só podemos dizer algo não está bem na nossa sociedade, como temos de aceitar que algo terrível está a acontecer com o nosso mundo.
A decadência de valores, a desesperança, as estratégias individualistas de sobrevivência, a desresponsabilização familiar para com os comportamentos dos filhos (crianças, adolescentes e/ou adultos), etc.
Considero esta obra como uma oportunidade de, através da minha experiência clínica e como docente universitário, trazer, alocar, na família, na educação, a partir do primeiros dias de vida, a educação para a cidadania, a responsabilização dos filhos e familiares pelos seus próprios ats (mais do que desenvolver-se uma cultura sociofamiliar de proteção familiar, quaisquer que sejam as falhas e irresponsabilidades cometidas pelos seus membros); criar uma discussão construtiva e instrutiva acerca de como podemos retroceder, não no tempo, mas na nossa forma de pensar e educar os nossos educandos e cada um de nós próprios.
(…)
Procurarei, ainda, defender que, pelas revoluções pessoais, podemos criar as nossas próprias liberdades (não confundir com anarquia) e, assim, contribuir para contrariar a normalidade desumanizante, embrutecedora, empobrecedora, brutalizante e usurpadora em que estamos a cair.”
(Preâmbulo)

 

 

Apoio aos pais na educação dos seus filhos

“Nos últimos anos como psicoterapeuta (para além da minha atividade como docente universitário e formador e, principalmente, como pai), pensei se deveria, ou não, continuar a calar a minha perceção de que alguns pais necessitam desesperadamente de ajuda para poderem educar os seus filhos e ajudá-los a crescer de forma equilibrada, como crianças que são e homens que serão, eles próprios em busca da sua felicidade. Cansei-me de, como obriga a minha consciência, me embrenhar na maioria absoluta dos casos em que se verificam práticas parentais inadequadas, caracterizadas por castigos físicos, ofensas psíquicas e morais, etc.” (pg 22-23)

“Um dos erros básicos é deixar a criança escolher livremente tarefas e temas lúdicos recreativos, e não perceber que essa é uma fase fundamental de desenvolvimento de uma boa base educativa.” (pg 44)

“Costuma-se dizer que o pior pecado que podemos cometer contra alguém é impedir o seu desenvolvimento. Assim, o grande desafio de pais e professores é compreender o que aquela criança já é capaz de fazer ou pode começar a ser estimulada para fazer.” (pg. 71)

“(…) aconselho vivamente os pais a utilizarem todo o material a que possam aceder, para levar os seus filhos a pensarem acerca dos seus próprios atos e nas respetivas consequências futuras, não se fixando apenas nas consquências diretas dos mesmos.” (pg. 91)

“Ora, ocorre que os impulsos naturais da espécie humana só se moldam se o indivíduo for incentivado a perceber que há algo mais do que esses impulsos para molda a nossa vida. Há inúmeras situações em que o melhor é atrasar a recompensa imediata, pois sabe-se que a recompensa posterior será melhor. (…) Assim, se não ajudar as crianças a luar pelo seu enriquecimento escolar, cultural, de atitudes e de valores (mesmo que, para isso tenha de sofrer, por exemplo, deixando de brincar tanto quanto gostaria), então, estaremos a criar crianças que, quando jovens adultos, em qualquer situação de sofrimento, ou vão abandonar essa mesma situação, ou vão procurar outras situações que lhes possam assegurar uma experiência sem sofrimentos. Na prática, a criança não vai aprender a ter de estudar, mesmo que não queira, a ter de trabalhar, mesmo que não queira, etc. e vai perder, cada vez mais, o comboio em direção a um desenvolvimento sustentável.” (pg.119)

 

Práticas educativas parentais e os direitos da criança

“Acredito, então, que mais do que centrar a nossa atenção no que move as práticas educativas parentais, dever-se-ia elevar a questão a um nível de pensamento mais pretensioso: independentemente das intenções que cada pai coloca nos seus esforços, estará a ter presente o que se sabe acerca das ciências do comportamento, não só no que toca à melhor forma de desenvolver novos comportamentos em crianças, como também no que se refere a consolidar as boas práticas comportamentais dos seus filhos?” (pg 26)

“Podemos dizer que o pior pecado que podemos cometer contra alguém é impedir o seu desenvolvimento. Assim, o grande desafio dos pais e professores é compreender o que auqlea criança já é capaz de fazer ou pode começar a ser estimulada para fazer.” (pg 70-71)

 

Linguagem universal do amor e do respeito mútuo

“Se uma criança for sempre tratada com respeito, aprenderá a linguagem do respeito. se for tratada com carinho, familiarizar-se-á com a linguagem do carinho. Se, quando cometer uma asneira, perceber que os pais ficam tristes com o seu comportamento, aprenderá mais facilmente que a consequência está em clara consonância com a natureza do seu comportamento. Com o tempo aprende – por vezes, muito aos poucos, é verdade – que os pais gostam tanto de si, têm tanto amor por si, que quando ‘se porta bem’, ficam felizes e radiantes… e quando ‘se porta mal’, ficam tristes. Na maioria absoluta das vezes, esta simples regra é suficiente para que a criança aprenda que respeito se aprende com respeito, carinho com carinho, meiguice com meiguice, amizade com amizade, amor com amor.” (pg 27)

E Tudo Começa no Berço!
Um guia para a educação e respeito social
Luís Maia
Luis Mais Tudo começa no berço
Edição/reimpressão:2012
Páginas: 248
Editor: Pactor
ISBN: 9789896930110

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