CAPÍTULO I
A minha trajectória de investigação: princípios da formação de pensadores
O HOMEM MODERNO E A CRISE DA INTERIORIZAÇÃO
Uma das mais importantes explorações do Homem, senão a maior de todas, é a exploração de si mesmo, do seu próprio mundo intrapsíquico. Aprender a interiorizar; a criar raízes mais profundas dentro de si mesmo; a explorar a história intrapsíquica arquivada na memória;a a questionar os paradigmas socioculturais; a trabalhar com maturidade as dores, perdas e frustrações psicossociais; aprender a desenvolver a consciência crítica, a conhecer os processos básicos que constroem os pensamentos e que constituem a consciência existencial são direitos fundamentais do Homem.
(…)
Quando o ser humano não se repensa, não se questiona, não se recicla, não se reorganiza, ele abandona-se a si mesmo, pois não interioriza, ainda que tenha cultura e realize múltiplas actividades sociais. (…)
É mais fácil explorar os fenómenos do mundo que nos envolve do que aprender a interiorizar, a ser caminhantes na trajectória do nosso próprio ser e a explorar os fenómenos contidos no nosso mundo intrapsíquico- É mais fácil e confortável explorar os estímulos extrapsíquicos, que sensibilizam o nosso sistema sensorial, do que explorar os sofisticados processos de construção dos pensamentos, o nascimento e desenvolvimento das ideias, a organização da consciência existencial, as causas psicodinâmicas e histórico-existenciais das nossas misérias, fragilidades, contradições emocionais, etc.
Mergulhado num processo socioeducacional que se ancora na transmissibilidade e no construtivismo do conhecimento exteriorizaste, o Homem converte-se num profissional que aprende a usar, com determinados níveis de eficiência, o conhecimento como ferramenta ou instrumento de trabalho. Porém, tem grandes dificuldades em usar o conhecimento para desenvolver inteligência: aprender a percorrer as avenidas da sua própria mente, a conhecer os limites e alcance básicos da construção de pensamentos, a regular o seu processo de interpretação através da democracia das ideias e tornar-se um pensador humanista que trabalha com dignidade os seus erros, as suas dores, perdas e frustrações, e que aprende a colocar-se no lugar do “outro” e a perceber as suas dores e necessidades psicossociais. (pg. 12)
(to be continued…)
Inteligência Multifocal
Análise da Construção dos Pensamentos
de Augusto Cury
Edição/reimpressão:2007
Páginas: 360
Editor: Pergaminho
ISBN: 9789727117444